ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS

 

Devido as rápidas mudanças dos gostos do consumidor, da tecnologia e da concorrência, as empresas devem desenvolver um fluxo permanente de novos produtos e serviços. Novos produtos podem ser obtidos de duas formas. Através de aquisição - comprando uma empresa toda, uma patente ou uma licença para fabricar o produto de alguém - ou através de desenvolvimento de um novo produto em seu próprio departamento de pesquisa e desenvolvimento. Como os custos para desenvolver e introduzir novos produtos têm aumentado muito, muitas empresas grandes adquirem marcas já existentes em vez de criar marcas novas. Outras poupam recursos copiando marcas dos concorrentes ou reativando marcas antigas.

Novos produtos são produtos inéditos, produtos aprimorados, produtos modificados e novas marcas que a empresa desenvolve através de seu próprio trabalho de pesquisa e desenvolvimento. Neste capítulo enfocaremos o desenvolvimento de novos produtos.

SUCESSO E FRACASSO DE NOVOS PRODUTOS

A inovação pode implicar muito risco. A Ford perdeu 350 milhões de dólares com seu automóvel Edsel; a RCA perdeu 580 milhões com seu aparelho de videodisco SelectaVision; a Texas Instruments perdeu a fantástica quantia de 660 milhões antes de retirar-se do negócio de computadores pessoais. Dentre outros fracassos de empresas sofisticadas que resultaram em grandes prejuízos incluem-se a New Coke (Coca-Cola Company), a cerveja LA de baixo teor alcoólico (Anheuser-Busch), a mala direta Zap Mail (Federal Express), os filmes instantâneos Polarvision (Polaroid), os cigarros "sem fumaça" Premier (R.J. Reynolds) e o detergente Clorox (Clorox Company).

Os novos produtos continuam a fracassar de forma surpreendente. Um estudo recente estimou que os novos bens de consumo (que consistem principalmente em extensões de linhas já existentes) têm uma margem de fracasso de 80%. Outro estudo demonstrou que cerca de 33% dos novos produtos industriais fracassam no lançamento. Segundo um profissional de marketing, "se as empresas fossem mais eficientes no lançamento de novos produtos, poderiam dobrar seus lucros. É ainda uma das áreas de maior potencial para aprimoramentos".

Por que tantos produtos fracassam? Há várias razões para isso. Embora uma idéia possa ser boa, o tamanho do mercado pode ter sido superestimado; o produto talvez não tenha sido tão bem projetado como devia, ou tenha sido posicionado de forma incorreta no mercado - preço muito elevado e pouca propaganda; um executivo de alto nível pode levar adiante uma idéia sua apesar de as pesquisas de marketing não terem sido muito animadoras ; os custos do desenvolvimento do produto podem ser mais altos que o esperado, ou os concorrentes podem reagir mais do que o esperado.

Como tantos produtos novos fracassam, as empresas estão interessadas em aprender como melhorar suas metodologias de desenvolvimento para aumentar as chances de sucesso em seus lançamentos. Uma das formas é identificar os produtos bem-sucedidos para descobrir o que eles têm em comum. Segundo um estudo abordando 200 lançamentos de produtos de tecnologia média ou alta, que visava à identificação de fatores compartilhados apenas por produtos de sucesso, o primeiro fator de sucesso é ser um produto superior único, de alta qualidade, com características novas e maior valor. Especificamente, os produtos com elevadas vantagens intrínsecas tiveram sucesso em 98% das vezes, contra os produtos com vantagens apenas médias (58% de sucesso) ou vantagens mínimas (18% de sucesso). Outro fator-chave para o sucesso é um conceito de produto bem-definido antes que ele seja lançado. É importante que a empresa delimite e dirija-se cuidadosamente ao mercado-alvo, estabelecendo os requisitos do produto e os benefícios antes de continuar com seu desenvolvimento. Em suma, para criar novos produtos de sucesso é preciso compreender os consumidores, mercados e concorrentes e desenvolver produtos que ofereçam valor superior aos clientes.

O DILEMA DO NOVO PRODUTO

Portanto, as empresas deparam-se com um problema - precisam desenvolver novos produtos, mas as chances de fracasso são grandes. A solução é um planejamento eficaz, e a alta administração é a principal responsável pelo sucesso do novo produto. Os administradores não podem simplesmente pedir que os gerentes de novos produtos apresentem grandes idéias; têm também de definir os mercados e as categorias do produto a serem enfatizados. E devem estabelecer critérios específicos para a aceitação da idéia de um novo produto, com base no papel estratégico específico que se espera que ele desempenhe. 0 produto poderá ter o papel de auxiliar a empresa a manter uma posição inovadora, defender sua participação no mercado ou conseguir entrada em um novo mercado. 0 novo produto poderá também ajudar a empresa a tirar vantagem de seus talentos especiais ou explorar sua tecnologia de uma nova forma.

Outra decisão importante da alta administração diz respeito ao orçamento destinado ao desenvolvimento do novo produto. Os resultados do novo produto são tão incertos que é difícil usar critérios normais de avaliação de investimentos para fixar esse orçamento. Algumas empresas solucionam esse problema encorajando o maior número possível de projetos, na esperança de que alguns saiam vencedores. Outras definem seus orçamentos de P&D com base na percentagem de vendas ou nos gastos dos seus concorrentes. E outras, ainda, decidem quantos novos produtos de sucesso são necessários e, analisando as etapas anteriores ao lançamento, estimam o investimento com P&D.

Outro fator importante no desenvolvimento de novos produtos é criar estruturas organizacionais eficientes para orientar as ações relacionadas a esses produtos. Apresentamos as estruturas organizacionais mais comuns no desenvolvimento do novo produto - GERENTES DE PRODUTOS, GERENTES DE NOVOS PRODUTOS, COMITÊS DE NOVOS PRODUTOS, DEPARTAMENTOS DE NOVOS PRODUTOS e TIMES EMPREENDEDORES PARA NOVOS PRODUTOS.

Portanto, desenvolver com sucesso um novo produto requer um esforço da empresa toda. As empresas inovadoras mais bem-sucedidas comprometem-se consistentemente com a destinação de recursos para o desenvolvimento de novos produtos, estabelecem uma estratégia de novos produtos ligada ao seu processo de planejamento estratégico e criam estruturas organizacionais sofisticadas e formais para a administração do processo de desenvolvimento do de novos produtos.

 

DE NOVOS PRODUTOS

 

que descobre e gera novos produtos consiste em oito grandes etapas :

GERAÇÃO DE IDÉIAS 

geração de idéias - a busca sistemática de idéias para novos produtos. A empresa tem de gerar muitas idéias até descobrir algumas que valham a pena, e essa busca de idéias deve ser sistemática, e não aleatória. Caso contrário, embora a empresa possa ter muitas idéias, a maior parte não servirá para o seu tipo de negócio. A alta administração pode evitar esse erro definindo como cuidado sua estratégia de desenvolvimento de novos produtos. As principais fontes dessas idéias são fontes internas, consumidores, concorrentes, distribuidores, fornecedores e outras.

Fontes Internas

Um estudo descobriu que mais de 55% de todas as idéias para novos produtos nascem dentro da empresa, através de pesquisa e desenvolvimento formais - com a participação de cientistas, engenheiros e pessoal de produção. Os executivos da empresa podem gerar novas idéias a partir de técnicas como o brainstorm. Da mesma forma fazem os vendedores, ainda mais porque estão em contato diário com os consumidores. Na Toyota, os empregados apresentam anualmente dois milhões de idéias - cerca de 35 sugestões por empregado -, e mais de 85% delas são implementadas.

Consumidores

Quase 28% das idéias para novos produtos originam-se da observação e conversas com os consumidores. A empresa pode apelar para levantamentos de campo ou grupos de enfoque a fim de conhecer melhor as necessidades e desejos dos consumidores. Os fabricantes do WD-40, um lubrificante e removedor doméstico de uso geral, realizam um concurso anual para obterem novos usos a partir das contribuições dos consumidores. Podem ser estudadas as perguntas e reclamações dos clientes para que se encontrem novos produtos que solucionem melhor seus problemas. Os engenheiros e vendedores da empresa organizam encontros com os consumidores para lhes pedir sugestões. Os engenheiros da Divisão de Produtos de Vídeo da General Electric conversam com os consumidores finais para obterem idéias para novos modelos de aparelhos eletro eletrônicos domésticos. A National Steel tem um centro de pesquisa de produtos onde os engenheiros trabalham com consumidores de produtos automotivos para conhecerem suas necessidades de novos produtos.

As empresas podem aprender muito observando e ouvindo os consumidores. A United States Surgical Corporation (USSC) desenvolveu a maioria dos seus instrumentos cirúrgicos através de uma estreita interação com os cirurgiões, que resultou em experiências pioneiras em laparoscopie - cirurgia com inserção de uma câmera de televisão minúscula no corpo e instrumentos finos operados por meio de cabos. Nos últimos anos, a atenção da USSC passou da mercadização de instrumentos cirúrgicos individuais para um conjunto de produtos e serviços com a finalidade de auxiliar os hospitais a realizarem cirurgias eficientes do ponto de vista de custos. Hoje, além de visitar os cirurgiões, a empresa convida a visitar seus escritórios representantes da administração de materiais, da área financeira e de outras áreas dos hospitais clientes para uma troca de informações e idéias. A USSC detém atualmente cerca de 58% do mercado de laparoscopia de uso individual.

Finalmente, os consumidores muitas vezes criam novos produtos por conta própria, e as empresas podem beneficiar-se localizando esses produtos e colocando-os no mercado. A Pillsbury consegue ótimas receitas novas através do Bake-Off, um concurso anual por ela promovido. Uma de suas quatro linhas de mistura de bolo e inúmeras variações originaram-se diretamente de receitas vencedoras do Bake-Off.

Concorrentes

Cerca de 30% das idéias de novos produtos decorrem da análise dos produtos concorrentes. Observando as propagandas e outros meios de comunicação dos concorrentes, a empresa pode conhecer seus novos produtos. Algumas companhias compram novos produtos concorrentes, desmontam-nos para ver como funcionam, analisam suas vendas e decidem se devem introduzir um produto próprio semelhante àquele. Por exemplo, para projetar seu modelo Taurus, de grande sucesso, a Ford desmontou mais de 50 modelos concorrentes, em busca de elementos a serem copiados ou aprimorados. Copiou o acelerador sensível do Audi, o medidor de combustível do Toyota Supra, o pneu do BMW528e e seu sistema para guardar o macaco, além de 400 outros aspectos interessantes. E repetiu esse procedimento quando reprojetou o Taurus em 1992.

Distribuidores, Fornecedores e outras Fontes

Os revendedores estão próximos do mercado e podem repassar informações sobre os problemas dos consumidores e possibilidades de novos produtos. Podem também informar a empresa sobre novos concertos, técnicas e materiais a serem usados no desenvolvimento de novos produtos. Outras fontes de idéias são revistas comerciais, shows, seminários, agências governamentais, consultores de novos produtos, agências de propaganda, institutos de pesquisa de marketing, laboratórios universitários e comerciais, e inventores.

SELEÇÃO DE IDEIAS

reduzir esse número. 0 primeiro estágio da redução da quantidade de idéias é a seleção de idéias, cujo propósito é localizar boas idéias e abandonar as idéias fracas o mais rápido possível. Os custos de desenvolvimento do produto elevam-se muito nos estágios posteriores, e a empresa só deve ir adiante com idéias que tenham boas chances de resultar em produtos lucrativos.

Muitas empresas solicitam que seus executivos exponham suas idéias de novos produtos em um formulário padrão, que é analisado por um comitê de novos produtos. Nesse relatório vêm uma descrição do produto, do mercado-alvo e da concorrência e uma estimativa grosseira do tamanho do mercado, do preço do produto, do tempo e dos custos do desenvolvimento, dos custos de fabricação e da taxa de retorno. 0 comitê avalia a idéia segundo um conjunto de critérios gerais. Por exemplo, na Kao Company, a grande empresa japonesa de produtos de consumo, o comitê fa z perguntas como as que se seguem: 0 produto é realmente útil para os consumidores e a sociedade? É bom em particular para a nossa empresa? Atende aos objetivos e estratégias da empresa? Nós dispomos de pessoal, de talentos e cursos necessários para o sucesso do produto? Esse produto oferece mais valor para os consumidores do que os produtos concorrentes ?. Sua propaganda e distribuição serão fáceis?

TESTE DE CONCEITO E DESENVOLVIMENTO

Uma idéia atraente deve ser transformada em conceito de produto. É importante distinguir entre idéia de produto, concerto de produto e imagem de produto. Idéia de produto é uma idéia para um possível produto que a empresa possa vir a oferecer ao mercado. Conceito de produto é uma versão detalhada da idéia, apresentada em termos significativos do consumidor. Imagem de produto é a forma como os consumidores percebem um produto real ou potencial.

Desenvolvimento do Conceito

Suponhamos que a General Motors queira comercializar seu carro elétrico experimental, que atinge 120 quilômetros por hora e tem autonomia de 140 quilômetros. A GM estima que os custos operacionais do carro elétrico sejam cerca da metade dos custos de um carro tradicional.

A tarefa da GM é desenvolver essa idéia em conceitos alternativos de produto, saber até que ponto cada conceito atrai o consumidor e escolher o melhor deles. Os seguintes conceitos de produto podem ser criados para os carros elétricos:

Teste do Conceito

teste do conceito exige que os conceitos de novos produtos sejam testados com grupos de consumidores-alvo. Os conceitos podem ser apresentados aos consumidores através de descrições audiovisuais, como a seguinte:

Carro subcompacto, eficiente, bom de dirigir, movido a eletricidade, com capacidade para quatro pessoas. Ótimo para compras e visitas aos amigos. Seu custo operacional é metade que o de modelos semelhantes a gasolina. Atinge velocidade de 120 quilômetros por hora, com autonomia de 140 quilômetros. 0 preço do carro totalmente equipado é de 14 mil dólares.

Para alguns testes de conceito, a descrição por escrito ou através de imagem poderá ser suficiente. No entanto, uma apresentação concreta e física do conceito aumentará a segurança no teste de conceito. Hoje, os profissionais de marketing estão encontrando novas formas de tornar os conceitos do produto mais reais nos testes de conceito.

Depois de serem expostos ao conceito, os consumidores mostram sua reação respondendo ao questionário abaixo :

 

Questões do teste de conceito do carro elétrico

Você compreende o conceito de um carro elétrico?

carro convencional?

Em que situações você preferiria um carro elétrico a um carro convencional?

As respostas ajudarão a empresa a decidir que conceito tem apelo mais forte. Por exemplo, a última pergunta refere-se à intenção de compra do consumidor. Caso 10% dos entrevistados respondam "claro que sim" e 5% respondam "provavelmente", a empresa poderá projetar esses dados para toda a população do seu grupo-alvo, a fim de estimar o volume das vendas. Mesmo assim a estimativa seria pouco exata, pois nem todo mundo leva a cabo suas intenções.

DESENVOLVIMENTO DA ESTRATEGIA DE MARKETING

Suponhamos que a GM dê preferência ao Conceito 1 para o teste de carro elétrico. 0 próximo passo será o desenvolvimento da estratégia de marketing - uma estratégia inicial para introduzir o carro no mercado.

A definição de estratégia de marketing consiste em três partes. A primeira descreve o mercado-alvo; o posicionamento do produto; e as metas de vendas, de participação no mercado e de lucros para os primeiros anos. Vejamos:

O mercado-alvo é constituído de famílias que necessitam de um segundo carro para compras, outras tarefas diárias e visitas aos amigos. 0 carro será apresentado como mais econômico em termos de compra e de uso, melhor para dirigir do que os carros disponíveis no mercado. A empresa procurará vender 200 mil carros no primeiro ano, com resultado negativo que não ultrapasse 30 milhões de dólares. No segundo ano a meta será vender 220 mil carros, com lucro de 50 milhões.

A segunda parte da definição de estratégia de marketing descreve o preço planejado do produto, sua distribuição e o orçamento de marketing para o primeiro ano:

O carro elétrico virá em três cores, com opção de ar-condicionado e de dispositivo power drive. Será vendido ao preço de varejo de 14 mil dólares - 15% de margem sobre o preço de venda para os distribuidores. Os distribuidores que venderem mais de dez carros por mês terão um desconto adicional de 5% no preço a pagar por cada carro vendido naquele mês. Um orçamento de propaganda de 20 milhões de dólares será dividido meio a meio entre propaganda nacional e local - enfatizando a economia e o prazer do carro. No primeiro ano serão gastos 100 mil dólares em pesquisa de marketing para saber quem está comprando o carro e para determinar o nível de satisfação desses consumidores.

A terceira parte da definição de estratégia de marketing descreve o planejamento das vendas a longo prazo, as metas de lucros e a estratégia de marketing mix:

No longo prazo, a GM pretende conseguir para este carro elétrico 3% de participação no mercado automobilístico total, e um retorno de 15% sobre o investimento, depois dos impostos. Para isso, a qualidade do produto será inicialmente alta e irá melhorar ao longo do tempo. 0 preço subirá no segundo e no terceiro ano se a concorrência permitir. O orçamento total para propaganda terá um aumento anual de cerca de 10%. A pesquisa de marketing será reduzida para 60 mil dólares por ano depois do primeiro ano.

ANALISE COMERCIAL

Depois que a empresa decide que conceito de produto e que estratégia de marketing serão adotados, poderá avaliar a atratividade comercial da proposta. A análise comercial inclui um estudo de vendas, custos e projeções de lucros para saber se eles satisfazem os objetivos da empresa. Se estes parâmetros de retomo forem atingidos, o produto poderá passar para o estágio de desenvolvimento.

Para estimar as vendas, deve-se analisar o histórico de vendas de produtos semelhantes; realizar pesquisas de opinião; e estimar as vendas mínimas e máximas para que se determine o nível de risco. Depois de preparada a previsão de vendas, a empresa pode estimar os custos e lucros esperados para o produto, inclusive custos de marketing, P&D, produção, financeiros e de contabilidade. Então, utilizam-se os dados de vendas e custos para analisar a atratividade financeira do novo produto.

DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

Até esse estágio, o produto poderá existir só no papel ou num modelo simples de balsa ou outro material. Mas quando o conceito de produto passa da etapa de análise comercial, ele entra no estágio de desenvolvimento do produto, em que o departamento de P&D ou de engenharia transforma o conceito de produto em um produto físico. Essa etapa requer a destinação efetiva de grande parte do investimento planejado, e irá demonstrar se a idéia do produto poderá ser transformada em um produto funcional.

O departamento de P&D desenvolverá uma ou mais versões físicas do conceito de produto, até criar um protótipo que satisfaça e estimule os consumidores e que possa ser produzido rapidamente dentro dos custos previstos. Desenvolver um protótipo de sucesso pode levar dias, semanas, meses ou até anos. Esse protótipo deve ter os aspectos funcionais necessários e as características psicológicas esperadas. 0 carro elétrico, por exemplo, deve dar aos consumidores a impressão de ser bem-construído e seguro. Portanto, a empresa tem de saber o que significa para esses consumidores um carro bem-construído. Alguns batem a porta do carro com força para ouvir seu "som"; se o som não for "sólido", eles acham que o carro não é bem-construido.

Quando os protótipos ficam prontos, eles precisam ser testados. Nos testes funcionais, realizados em laboratórios e em condições experimentais, constata-se se o produto tem um desempenho seguro e eficaz. 0 novo carro deve dar a partida prontamente, deve ser confortável e comprovar sua resistência nos testes de colisão. Nos testes de consumo, os consumidores guiam o carro e avaliam seus atributos.

TESTE DE MARKETING

Se o produto passar no teste funcional e no teste de consumo, o próximo passo é o teste de marketing, estágio em que o produto e o programa de marketing são introduzidos em situações de mercado mais realistas. Esse teste dá ao profissional de marketing experiência com a mercadização do produto antes de serem assumidas as grandes despesas de uma introdução efetiva. Permite também que a empresa teste o produto e seu programa de marketing - estratégia de posicionamento, propaganda, distribuição, apreçamento, marcas, embalagens e níveis de orçamento.

A quantidade de testes de marketing varia conforme o novo produto. Esses testes podem ter custos muitos altos, e às vezes levam tanto tempo que os concorrentes tiram vantagem disso. Quando os custos do desenvolvi mento e introdução do produto são baixos, ou quando a administração já está confiante no novo produto, a empresa pode fazer apenas um pequeno teste de marketing ou até mesmo pode pular esta etapa. Geralmente não são testadas extensões de linhas simples nem cópias de produtos concorrentes que fazem sucesso. Por exemplo, a Procter & Gamble introduziu seu café descafeinado em cristais Folger sem teste de marketing, e a Pillsbury introduziu as barras de granola Chewy e os Granola Dipps cobertos com chocolates sem realizar nenhum teste de mercado padrão. Entretanto, quando a introdução do novo produto requer um grande investimento, ou quando a administração não está segura quanto ao produto ou ao programa de marketing, são realizados muitos testes de marketing. Por exemplo, a Lever USA levou dois anos testando em Atlanta seu sabonete Lever 2000, de grande sucesso, até lançá-lo no mercado internacional.

Nos testes de marketing, as empresas de produtos de consumo geralmente escolhem uma das seguintes abordagens - testes de mercado padrões, testes de mercado controlados, ou testes de mercado simulados.

Testes de Mercado Padrões

Nos testes de mercado padrões, a empresa escolhe um pequeno número de cidades representativas, faz uma campanha de marketing completa nessas cidades, auditorias de vendas nas lojas, pesquisas entre os consumidores e distribuidores e outras medidas para avaliar o desempenho do produto. Com os resultados destes esforços, são previstos as vendas e lucros do produto em nível nacional, constatados os problemas potenciais do produto e ajustado o programa de marketing.

Os testes de mercado padrões apresentam algumas desvantagens. Primeiro, podem ser muito onerosos - seu custo médio é de mais de 3 milhões de dólares, mas às vezes são bem mais caros que isso. A Procter & Gamble gastou 15 milhões de dólares desenvolvendo os biscoitos Duncan Hines em um teste de mercado. Segundo, têm duração muito longa - alguns chegam a demorar três anos. Se o teste provar-se desnecessário, a empresa terá perdido meses de vendas e lucros. Terceiro, os concorrentes geralmente fazem o que podem para distorcer os resultados dos testes. Baixam seus preços nas cidades dos testes, aumentam suas promoções, e até mesmo compram o produto que está sendo testado. Por exemplo, quando a Pepsi testou a bebida Mountain Dew Sport em Minneapolis, a Quaker sabotou o teste com uma fantástica propaganda e campanha de cupons do seu Gatorade. A Pepsi acabou tendo de retirar o Mountain Dew Sport do mercado. Finalmente, o teste de mercado padrão permite que os concorrentes tomem conhecimento do novo produto muito antes de ele ser introduzido em nível nacional. Consequentemente, os concorrentes têm tempo de desenvolver estratégias defensivas, podendo até superar os produtos da empresa na disputa pelo mercado. Por exemplo, enquanto a Clorox ainda testava o marketing de seu novo detergente com água sanitária em mercados selecionados, a P&G lançou seu detergente Tide com água sanitária no país todo. O Tide tornou-se rapidamente o líder do segmento, e a Clorox mais tarde retirou seu detergente.

Apesar dessas desvantagens, o teste de mercado padrão ainda é o método mais difundido para testes em larga escala. Porém, muitas empresas hoje estão passando a utilizar métodos de testes de mercado simulados e controlados, que são mais rápidos e menos onerosos.

Testes de Mercado Controlados

Vários institutos de pesquisa mantêm painéis controlados de lojas, as quais concordam em vender novos produtos mediante um certo pagamento. O fabricante dos novos produtos especifica o número de lojas e localizações geográficas desejada s, e o instituto de pesquisa fornece o produto às lojas participantes, passando a controlar a sua localização nas gôndolas, o espaço a ele destinado, as propagandas, as promoções nos pontos de venda e o preço, conforme os planos especificados. Os resultados das vendas são controlados para determinar o impacto desses fatores sobre a demanda.

Os sistemas de testes de mercado controlados, como o Scantrack da Nielsen e o BehaviorScan da Information Resources Inc. (IRI), registram o comportamento individual dos consumidores desde o aparelho de televisão instalado em suas casas até os terminais ponto de venda das lojas onde eles compram. A IRI, por exemplo, mantém um painel com cerca de três mil consumidores em cidades cuidadosamente selecionadas. Usa microcomputadores para analisar os dados de audiência das famílias do painel, e pode apresentar comerciais especiais nos televisores dos membros do painel. Os consumidores do painel compram em lojas que cooperam com a pesquisa, apresentando cartões de identificação ao fazerem suas compras. Informações detalhadas de scanners eletrônicos sobre as compras de cada consumidor são enviadas a um computador central, onde são associadas aos dados demográficos dos consumidores e às informações sobre audiência de TV, sendo registradas diariamente. Portanto, o BehaviorScan pode fornecer relatórios semanais detalhados de cada loja sobre as vendas de novos produtos em teste. E como os scanners registram as compras específicas de cada consumidor, o sistema pode também fornecer informações sobre compras repetidas e a maneira como os diferentes tipos de consumidores reagem ao novo produto, à sua propaganda e aos vários outros elementos de seu programa de marketing.

Os testes de mercado controlados consomem menos tempo do que os testes padrões (seis meses a um ano) e em geral são menos onerosos (um teste de um ano do BehaviorScan pode custar de 200 mil a 2 milhões de dólares). Contudo, algumas empresas receiam que o número limitado de pequenas cidades e consumidores nos painéis utilizados pelos institutos de pesquisa não seja suficientemente representativo dos mercados ou consumidores-alvo de seus produtos. Assim como nos testes de mercado padrões, os testes controlados permitem que os concorrentes tomem conhecimento com antecedência do novo produto da empresa.

Testes de Mercado Simulados

As empresas também podem testar novos produtos em ambientes de lojas simuladas. O instituto de pesquisa mostra propagandas e promoções de uma variedade de produtos, inclusive o novo produto em teste, para um grupo de consumidores. Eles recebem uma pequena quantia em dinheiro e são levados a lojas reais ou simuladas, onde podem guardar o dinheiro ou usá- lo para compras. Os pesquisadores anotam quanto os consumidores compram do novo produto e quanto das marcas concorrentes. Essa simulação proporciona uma medida da experiência e da eficácia dos comerciais da empresa em contraste com os comerciais dos concorrentes. Depois os pesquisadores perguntam aos consumidores por que eles compraram ou deixaram de comprar os itens, e algumas semanas mais tarde entrevistam-nos por telefone para determinar a atitude, uso e satisfação deles com relação ao produto e sua intenção de voltar a comprá-lo. Por meio de sofisticados modelos computadorizados, os pesquisadores projetam as vendas nacionais a partir dos resultados dos testes de mercado simulados.

Esses testes superam parte das desvantagens dos testes de mercado padrão e controlado. Geralmente custam muito menos (35 mil a 75 mil dólares), podem ser realizados em oito semanas, e mantêm o novo produto longe da vista dos concorrentes. Porém, devido às suas pequenas amostragens e ambientes de compra simulados, muitos profissionais de marketing não os consideram tão precisos e confiáveis quanto os testes maiores realizados no mundo real. Mesmo assim esses testes são muito difundidos, em geral usados como « pré-testes » de mercados. Por serem rápidos e de custo mais baixo, vários testes simulados podem ser executados para avaliarem com rapidez um novo produto ou seu programa de marketing. Se os resultados do pré-teste forem fracos, o produto pode ser abandonado ou reprojetado substancialmente e testado mais uma vez. Se os resultados forem promissores mas indefinidos, o produto e o programa de marketing podem ser submetidos a novos testes controlados ou padrões.

Teste de Marketing para Produtos Industriais

Os profissionais de marketing industrial usam diferentes métodos para testar o marketing de seus próprios produtos. Um deles é o teste de utilização de produto, em que é selecionado um pequeno grupo de consumidores potenciais que concordam em utilizar o novo produto durante um tempo determinado. Os técnicos do fabricante observam a maneira como esses consumidores utilizam o produto, e a partir daí o fabricante passa a conhecer as necessidades de treinamento e de serviço ao consumidor. Depois do teste, o profissional de marketing entrevista o comprador sobre suas intenções de compra e outras reações.

Novos produtos industriais podem também ser testados em feiras comerciais. Essas feiras atraem grande número de compradores, que vão observar e analisar os produtos expostos durante o período do evento. O fabricante registra a reação dos consumidores aos vários aspectos e condições dos produtos, avaliando seus interesses e intenções de compra. Os novos produtos industriais podem também ser testados em salas especiais de distribuidores e revendedores, lado a lado como outros produtos da empresa e possivelmente até mesmo com produtos concorrentes. Este método permite a obtenção de informações sobre preferências e preços no ambiente normal de venda do produto.

Finalmente, alguns profissionais de marketing industrial utilizam testes de mercado padrões ou controlados para mensurar o potencial de seus novos produtos. O produto é fabricado em uma quantidade limitada e entregue para ser vendido em um número limitado de áreas geográficas. A empresa faz propaganda do produto, promoções de venda e outros tipos de suporte de marketing. Esses testes permitem que o produto e seu programa de marketing sejam testados em situações reais de mercado.

COMERCIALIZAÇÃO

comercialização, ou introdução do novo produto no mercado, irá arcar com uma série de custos altos. Em primeiro lugar, terá de construir ou alugar instalações para a fabricação dos produtos. Se a empresa estiver lançando um produto de consumo embalado, ela provavelmente gastará algo entre 10 e 100 milhões de dólares com propaganda e promoções de vendas apenas no primeiro ano. Por exemplo, a McDonald's gastou mais de cinco milhões de dólares por semana com a propaganda de introdução de seu sanduíche McDLT.

No lançamento de um novo produto a empresa tem de decidir primeiro o momento da introdução. Se o carro elétrico da GM, por exemplo, for absorver as vendas de outros carros da empresa, sua introdução poderá ser adiada. Se ele precisar de aprimoramentos ou se a conjuntura econômica estiver em baixa, a empresa poderá esperar até o ano seguinte para fazer seu lançamento.

Depois, é preciso decidir onde lançar o novo produto - em uma única localidade, em uma região, em nível nacional ou em nível international. Poucas empresas têm confiança, capital e capacidade para lançar novos produtos através de uma distribuição nacional ou internacional. Elas irão desenvolver um planejamento de introdução escalonada ao longo do tempo. As pequenas empresas entram aos poucos com seu novo produto, cada vez em uma cidade ou região atrativa. As empresas maiores no entanto introduzem rapidamente novos modelos em várias regiões ou no mercado nacional.

As empresas com sistemas de distribuição internacional podem introduzir novos produtos através de ações globais. A Colgate-Palmolive usa uma estratégia de "país-líder". Por exemplo, lançou seu xampu e condicionador Palmolive Optims primeiro na Austrália, Filipinas, Hong Kong e México. Depois direcionou esforços rapidamente para lançá-lo na Europa, Asia, América Latina e África. As empresas internacionais estão introduzindo cada vez mais seus novos produtos através de lançamentos-relâmpago globais. A Procter & Gamble fez isso com sua linha de fraldas descartáveis Pampers Phases. Anteriormente ela introduzia o novo produto no mercado norte-americano; se tivesse sucesso, os concorrentes estrangeiros copiavam o produto nos seus mercados de origem antes que a P&G pudesse fazer uma distribuição global. Mas a fralda Pampers Phases foi introduzida em mercados globais um mês depois de seu lançamento nos Estados Unidos. Essa rápida expansão international solidificou a posição da marca no mercado antes que os concorrentes estrangeiros pudessem reagir. Desde então a P&G passou a fazer introduções internacionais para vários outros novos produtos.

ACELERANDO O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS

Muitas empresas organizam o processo de desenvolvimento de seus novos produtos em uma seqüência ordenada de passos, começando com a geração de idéias e terminando com a comercialização. Segundo essa abordagem de desenvolvimento seqüencial de produto, um departamento da empresa trabalha em separado para completar seu estágio do processo e então passa o novo produto para o próximo estágio, que será cumprido por um outro departamento. Esse processo ordenado passo a passo pode ajudar a controlar projetos complexos e arriscados, mas sua lentidão pode ser perigosa. Em mercados altamente competitivos e de mudanças rápidas, esses processos seguros porém lentos podem facilitar as coisas para concorrentes mais ágeis.

Hoje em dia, para lançar seus novos produtos no mercado com maior rapidez, muitas empresas estão abandonando o método de desenvolvimento seqüencial de produto em favor do desenvolvimento simultâneo de produto, uma abordagem muito mais rápida e flexível, em que vários departamentos trabalham juntos. omitindo etapas do processo de desenvolvimento para poupar tempo e aumentar a eficácia.